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As Ultimas coisas que escrevi.....

8 de janeiro de 2011

Sobre os campeões por fax

Como a galera reparou, estou sem tempo até pra reclamar da vida, que dirá do São Paulo... mas essa história recente dos campeões por fax e a mudança da contagem dos títulos brasileiros me obrigou a voltar, nem que seja por alguns breves parágrafos.

É claro que quem ganhou "novos" títulos está com sorriso de orelha a orelha. Mas tenho certeza de que, em seu íntimo, até eles se perguntam: faz algum sentido essa mudança?

Oficialmente, todos eles declaram: Claro que sim! Querem então me convencer de que Pelé nunca foi campeão brasileiro? Que o futebol brasileiro só começou em 1971, quando disputou-se o primeiro Campeonato Brasileiro?

Tenho uma resposta ousada, posto que, de início, soará absurda: sim, o futebol brasileiro só começou em 1971.

O que havia antes?

Os historiadores podem responder: o futebol no Brasil nasceu fortemente regionalizado. Quais eram os torneios mais importantes da temporada do início do século até os anos 70? Os estaduais. Não havia campeões nacionais porque não existia a ambição de realizar campeonatos com essa escala. Estamos falando de uma época em que o (pouco) dinheiro do futebol vinha da renda das partidas. Nada de boladas milionárias pelos direitos televisivos ou um sistema de transporte aeroviário que permitisse partidas semanais espalhadas pelos quatro cantos do país. Era muito mais interessante preservar o interesse local com campeonatos locais, disputados localmente.

Em nome do espetáculo, havia um embate muito interessante: criavam-se selecionados dos estados, que disputavam torneios e amistosos entre si. Eram grande chamarizes para as convocações do time nacional. Leônidas da Silva, por exemplo, jogou pela Seleção do Rio de Janeiro e pela Seleção de São Paulo, além de vestir a camisa do Brasil na Copa de 1938.

O próprio fato de que havia selecionados estaduais mostra o nível de descentralização do futebol brasileiro.

A Taça Brasil foi criada em 1959 não para definir um campeão brasileiro, mas sim eleger o classificado do país para a nascente Taça Libertadores da América, a ser realizada pela primeira vez em 1960. A Taça Brasil era disputada pelos campeões estaduais, em regime de mata-mata.

Não sei se o leitor se lembra, mas a Copa do Brasil, até a CBF resolver inventar a figura dos "times convidados" e expandir o número de participantes (aconteceu no fim dos anos 90, começo dos 2000, se não me engano!), era disputada exatamente da mesma maneira: entre os campeões estaduais, em regime de mata-mata. Entretanto, ninguém ousa dizer que o campeão da Copa do Brasil é o campeão brasileiro.

A Taça Brasil claramente é a antecessora da Copa do Brasil. Não do campeonato brasileiro.

O Torneio Roberto Gomes Pedrosa já representa uma outra história. Ele mostra o momento em que o futebol brasileiro começou a se tornar realmente brasileiro, no contexto dos clubes. Com o crescimento do torneio Rio-São Paulo, que reunia as principais forças das duas maiores potências do país, começou a ser interessante reunir participantes de outros estados, de forma seletiva. Era o embrião do que viria a ser o Campeonato Brasileiro.

Qual a diferença entre um e outro? O segundo resulta de uma real estruturação do futebol brasileiro para abrigar um grande campeonato nacional de clubes. O primeiro foi como um "projeto piloto", que demonstrou a viabilidade da empreitada, em escala menor e com ausência de forças importantes do futebol brasileiro.

Hoje, os campeonatos estaduais são quase um incômodo no calendário. Com a política de reescrever a história e promover os "campeões por fax", a CBF está apagando dos livros a razão pela qual os campeonatos estaduais existem e, quiçá, devem ser preservados: eles foram os germes do nascimento do que hoje se chama de futebol brasileiro. Tudo começou com o futebol paulista, o futebol carioca, o futebol mineiro, o futebol gaúcho, o futebol baiano, o futebol pernambucano, o futebol paranaense...

Mas não. A partir de agora, com uma canetada, o Brasil já tinha uma estrutura nacional de clubes consolidada desde 1959. Tão consolidada, aliás, que chegou a ter dois campeões nacionais no mesmo ano, enquanto a Taça Brasil e o Robertão foram disputados simultaneamente!

É um desserviço ao registro histórico, senhores!

Eu não entendo porque o Santos, por exemplo, tem dificuldade em se orgulhar de ter conquistado o pentacampeonato da Taça Brasil, que reuniu os campeões estaduais em embates emocionantes! Por que mudar de nome vai tornar esse campeonato mais interessante? Certamente isso servirá apenas para apagar seu próprio brilho e seu momento histórico.

Mas, enfim, de entidades como a CBF, que não preservam sequer o dinheiro público, eu devo esperar que se preocupem com o registro da história?? Sem chance.

Texto retirado do Blog http://imprensaspfc.blogspot.com/

Obs.: Para provocar um bom debate tem que se expor mais de um lado... Fica uma opinião diferente da minha, mas mesmo assim uma boa opinião...

Esse é o da google

Quem sou eu

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Curitiba, Paraná, Brazil
Bem, por onde começar, filho de João Carlos de Oliveira e Terezinha de Fatima da Costa. Curitibano, sou, ou tento ser, Comunista, Fã de HQ, cinema, series e desenhos animados, Tricolor de coração, os maiores tricolores, pra mim, são São Paulo e Paraná Clube. Gosto de festas, bares e qualquer lugar aonde eu esteja com meus amigos. Estudante de Matématica Industrial na UFPR.... Mais coisas sobre minha pessoa eu escreverei aqui neste Blog....
 
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